Neste livro é retratada a vida das pessoas de uma aldeia situada no interior do país, na Cova da Beira, num período de mais ou menos 6 anos antes do 25 de abril de 1974.
O povo desta aldeia é pouco desenvolvido e possui poucos conhecimentos acerca da vida fora daquele local.
Resumindo, ficam congelados no tempo enquanto vêem o mundo a evoluir à sua volta, achando sempre tudo muito estranho.
Nos primeiros capítulos podemos ir conhecendo os habitantes da aldeia, entre eles o padre, uma velha prostituta (que acabou por morrer estrangulada), um seminarista e uma mulher que colecionava santinhos, desapareceu e voltou uma mulher muito mais evoluída.
Quando iniciei a leitura do livro, achei o vocabulário um pouco difícil de compreender porque existiam palavras que não estava habituada a ler. Apesar disso, perante o contexto, consegui entender a história.
Em suma, achei o livro bastante interessante visto que podemos perceber um pouco do quotidiano e do vocabulário das pessoas daquela época e também a sua forma de pensar.
Os capitães da areia - Jorge Amado
Vou falar um pouco acerca do livro que escolhi para a minha oralidade de Português, do primeiro período.
Este romance retrata o quotidiano de um grupo de meninos abandonados que aterrorizam a cidade de Salvador, no Brasil, e vivem do furto. O autor retrata estes menores como atrevidos, espertos, ladrões, agressivos e carentes de afetos. Os capitães da areia, ao cometerem as suas atrocidades, muitas vezes eram pegos pela polícia e mandados para o Reformatório Baiano, de onde acabavam sempre por conseguir escapar.
Para facilitar o roubo, os meninos íam para a porta das pessoas pedir comida e abrigo, para conseguirem entrar na casa dos moradores e assim os assaltar. Foi assim com a personagem "Sem-Pernas", um dos membros do grupo, mas que depois de o fazer, passou a gostar realmente da senhora que lhe dera abrigo como uma mãe, e quando os amigos a foram assaltar ele acabou por ficar com remorsos. A certa altura, juntam-se mais duas personagens, Dora e Zé Fuinha, recentemente órfãos, quando a mãe de ambos falecera com varíola.
Todos os membros do grupo ficaram de certa forma apaixonados por Dora porque esta cozinhava para eles e remendava-lhes a roupa, cuidando deles como uma mãe.
Porém, certo dia, Dora acabou por se juntar ao grupo na aventura pelos furtos, juntamente com os Capitães da Areia e, Dora e Pedro Bala (o chefe do grupo), por quem Dora se havia apaixonado, foram pegos pela polícia. Pedro Bala ficou a ser interrogado na polícia, mas, como sempre, conseguiu escapar. Já Dora, foi mandada para o reformatório e não conseguiu fugir. Os Capitães da areia, juntaram-se para ajudar Dora a escapar do local, contudo, quando finalmente o conseguiram fazer, a menina tinha sido contagiada pela mesma doença que a sua mãe, a varíola, e acabara igualmente por falecer.
Depois da morte de Dora, o grupo sofreu algumas alterações e acabaram por seguir, cada um, o seu caminho.
In Nomine Dei - José Saramago
A ação desta peça de teatro, decorre em Munster, uma cidade alemã, entre 1532 e 1535 e Relata a história das lutas entre os Protestantes e os Católicos, baseando-se em factos reais.
No decorrer da história, percebemos que os homens afirmam constantemente receber mensagens diretamente vindas de Deus, o que faz com que a restante população acredite nas suas palavras e desta forma que os respeitem e obedeçam incondicionalmente.
Tanto os Católicos como os Protestantes, tinham como objetivo colocar a cidade no caminho de Deus. No entanto, este objetivo só poderia ser alcançado matando e expulsando da cidade, todas as pessoas com crenças diferentes, e assim foi.
As personagens acreditavam de tal modo na sua religião que preferiam morrer do que renunciar a ela, demonstrando assim o seu fanatismo religioso.
Cada atrocidade cometida é sempre seguida da frase "vontade de Deus", daí o nome do título do livro, "In Nomine Dei".
Três Irmãs, Anton Tchekov novembro, 2017
Eis o livro que selecionei para o projeto de leitura de Português, no 1º período. Trata-se de um drama que está dividido em 4 atos, que relatam o quotidiano de três irmãs: Olga, Maria e Irina, que moram numa região do interior da Rússia, com o seu irmão Andrei. O primeiro ato, decorre no dia de aniversário de Irina, o mesmo dia em que o pai completava 1 ano que havia falecido. Estas personagens reclamam o dia inteiro do tédio em que vivem, causado pela falta de tarefas para fazer. As irmãs sonham em voltar para Moscovo, local onde nasceram, bem como o irmão, que ambiciona ser professor universitário, na mesma cidade. O segundo ato passa-se após alguns anos mais tarde. Para felicidade de ambas, Olga e Irina encontram trabalho, que à partida, seria a solução para o tédio em que viviam, no entanto, desta vez estas reclamam porque têm que trabalhar, considerando que estão demasiado atarefadas e não têm tempo para si. Andrei, já se encontra casado, porém, com alguns problemas na saúde do seu filho, que sofre de obesidade. Chegamos à conclusão de que não conseguiu atingir o seu objetivo, visto que exerece a profissão de secretário de um espaço rural, em vez de ser professor. Verificamos a continuidade do tédio, que domina esta família.
No ato terceiro, Maria está casada, contudo, apaixona-se por outro homem e não se sente bem com isso, lamentando ter uma vida bastante problemática. neste ato, encontramos alguns momentos de comédia, como é o caso da situação de um médico que se esquece de tudo acerca de medicina e um barão, que passa o seu dia a dormir, e, quando acorda, só consegue pensar em voltar a dormir. O irmão, Andrei, sai de sua casa sem o consentimento da sua esposa, com a qual não mantém uma relação muito saudável. Este, perde grande parte do seu dinheiro no jogo, o que faz com que fique com a sua casa hipotecada, e afundado em dívidas.
Por fim, e relativamente ao último ato, é visível aqui a continuidade elevada de azar que afeta todos os membros desta família. As irmãs continuam a sonhar desesperadamente com o regresso a Moscovo. Perante esta situação, Irina tenta a sua sorte ao casar-se com um homem rico, pois vê aqui a oportunidade de finalmente realizar o seu desejo. Porém, o seu noivo morre durante um duelo com um homem que é apaixonado por ela, homem este com poucas possibilidades financeiras, o que faz com que Irina queira apenas distância deste.
Com este drama, o autor pretende criticar as famílias provincianas que não desejam mais nada para além do seu bem-estar e ostentação, bem como os matrimónios que eram realizados apenas por interesse.
Infelizmente, não foi um livro que captou devidamente a minha atenção à sua leitura, devido à quantidade repetitiva de momentos de queixas, por parte dos membros desta família, o que fez com que esta obra não se tornasse uma das minhas favoritas.
A Selva, Ferreira de Castro dezembro, 2017
Este romance, da autoria de Ferreira de Castro, é a sua obra mais autobiográfica, bem como a mais conhecida, pelo que o biografismo do autor é fundamental para a compreender melhor. A trama desenrola-se na Amazónia, numa exploração de seringal, em que as árvores servem para a produção de borracha. A personagem principal é Alberto, que, à semelhança de Ferreira de Castro, também se viu obrigado a emigrar para o Brasil, mas este devido a questões políticas. Alberto é um jovem monárquico português e futuro estudante de Direito, que, por intermédio do tio, é contratado para trabalhar no Seringal Paraíso. É o tio quem o convence a aceitar a proposta, alegando que é provável que ele regresse bastante rico. Porém, ainda no barco que o transportava, Alberto percebe que talvez não vá ser uma experiência tão agradável como ele tinha imaginado, devido às condições desumanas em que se viu ser transportado.Já chegado ao seu destino, Alberto começa a trabalhar no seringal e, ao longo da obra, são descritas várias dificuldades pelas quais ele vai passando. Em primeiro lugar, sente-se ameaçado pelos índios, devido à desvalorização dos europeus relativamente a este tipo de profissão. Mais tarde, começa a achar a extração de borracha, um trabalho bastante penoso, já que os trabalhadores não são recompensados de forma correta, o que apresenta uma crítica à relação desonesta entre o patrão e o seringueiro. Todas estas vivências,fazem com que Alberto conclua que foi traído pelo tio, que lhe tinha garantido um emprego através do qual iria enriquecer, sendo que aconteceu exatamente o contrário.
Por fim, a personagem principal apaixona-se por Dona Yáyá, a esposa do seu patrão, com a qual mantém uma relação proíbida, que é mantida em segredo.
Na parte final da ação, perante as condições de escravidão em que os trabalhadores viviam, um negro, chamado Tiago, decide fazer justiça pelas suas próprias mãos, pelo que é considerado o responsável por uma revolta. Este acontecimento, em particular, demonstra a verdadeira intenção do autor ao escrever esta obra: mostrar a fragilidade dos que sustentam estas desigualdades sociais, durante o período de escravatura, e essencialmente a luta pela defesa dos direitos humanos, e dos trabalhadores, neste caso.
Uma das características da escrita de Ferreira de Castro, que me agradou bastante na leitura desta obra, foi a sua elevada recorrência à descrição, porém, sem se tornar uma leitura massiva, sendo que as suas descrições são fundamentais para o leitor ter uma noção mais pormenorizada dos acontecimentos vividos ao longo do romance.
Esta obra, foi adaptada ao formato cinematográfico, em 2002, com a realização de Leonel Vieira.
Aqui se encontra o trailler do filme em questão:
Este romance cativou bastante a minha atenção, tornando-o numa leitura prazerosa, devido aos pormenores descritos e à essência do autor. Desta forma, gostei muito da leitura desta obra.
Dia cinzento e outros contos, Mário Dionísio
Esta obra de Mário Dionísio foi escrita e publicada pela primeira vez em 1944. Este livro começa com um prefácio onde o autor explica o que há de diferente na sua própria escrita. O autor mostra o outro lado do neo-realismo ao relatar a vida citadina e não a vida no campo. Refere também a sua intenção ao escrever este livro: "Lembro-me perfeitamente de que, ao escrever "O Dia Cinzento", não me movia a mínima ambição literária, mas outra, muito mais ambiciosa e mais ingénua, que era a de acordar naqueles que o lessem a consciência da injustiça social e a necessidade de origem contra ela.". O livro que li, é a terceira edição desta obra e também a primeira com prefácio, onde o autor revela o insucesso das primeiras edições e esclarece a compreensão de alguns dos contos.
- "Nevoeiro na Cidade"
Este conto relata a vida de um homem refugiado no seu quarto, onde aguarda o decorrer do tempo para se encontrar com um amigo, num café da cidade. Pela janela do seu quarto, consegue observar o nevoeiro da rua, que lhe provoca um estado de espírito de melancolia e sofrimento. Este nevoeiro, é a metáfora para um país que vive na ditadura, no auge da guerra e do salazarismo. Quando, finalmente, chega a hora de se encontrar com o amigo, a personagem faz a descrição da correria das pessoas (medo devido à ditadura) a entrar e sair das lojas, representando a sua felicidade momentânea.
Resposta a Matilde, Fernando Namora
Sem comentários:
Enviar um comentário